Far in the North of Congo

A idéia original era passar o Natal em Cape Town, pegando o vôo de 12 de dezembro da South Africa Airways à partir de Kinshasa. Mas com a tensão subindo  na capital da RDC às vésperas da divulgação do resultado das eleições presidenciais,  sentimento que, por tabela, contaminava Brazzaville (destino natural quando há problemas do outro lado do rio Congo), optei por ficar por aqui.

Eis que rotina de cidade se revela massacrante em qualquer lugar, resolvemos pegar estrada  e, durante cinco dias, 850 km de carro e 150 km de barco, fomos conhecer um pouco do norte da República do Congo.Preciso dizer que éramos os únicos turistas?

       

Numa estrada bem razoável nos primeiros quilometros deixamos para trás o rio Djiri e mergulhamos nos planaltos do Pool norte, inaugurados pela famosa “pedra do senhor”, ilustrada acima. Em  seguida atravessamos a enorme  reserva de Lefiny, santuário de gorilas e reserva de caça regulamentada (hum… recomendo o javali).

   

   

Depois, o vilarejo de Ngo e a paupérrima e populosa Gamboma, limite das terras do reino Teké. Depois, zona da etnia Mboushi, Ollembo, Oyo, o vilarejo natal do Presidente da República. Pausa para descansar  na pequena, mui agradável e surreal Oyo com suas mansões, palácios, estádio para 10.000 pessoas e aeroporto internacional…

           

Ora do passeio pelo rio Alima acima em direção ao vilarejo de Thikapika e à cidade de Mossaka (cidade de pescadores só acessível por via fluvial).  A vegetação luxuriante nos inebria enquanto procuramos em vão por hipopótamos e cruzamos  pirogas que transportam peixes, macacos e tartarugas para o porto de Oyo.

   

   

Dois dias após, no belíssimo cenário de transição da savana para a floresta equatorial chegamos a Owando, inusitado faroeste urbano em meio à selva. Eletricidade só com os geradores, ligados 5 horas por dia quando há petróleo.

   

    

O limite, por hora, foi a cidade de Makoua, na linha (imaginária) do equador. A partir daí só existem pistas de terra, quase intrasitáveis quando chove, ou seja, quase sempre. Seria preciso ainda um possante 4 x 4 em bom estado, o que não era o caso…  Makoua é praticamente o limite da civilização na República do Congo: pouquíssimos carros, as casas surgindo da mata e os animais circulando nas ruas poeirentas e naturalmente arborizadas. Uma grande construtora brasileira  fixou lá seu canteiro avançado para as obras de continuação da estrada do norte.

  

   

A próxima cidade, 350 km ao norte, dez a doze horas de carro, já na fronteira com Camarões, seria Ouesso, região de floresta e alguma produção de cacau, virtualmente desconectada de Brazzaville por via terrestre. O acesso, assim como se dá na Likouala (a Manaus do extremo norte congoles, região dos famosos Pigmeus) e nos dois parques florestais da região da Sangha (Odzala é o mais famoso, tanto por seus elefantes e hipopotámos como pelos primeiros casos de Ebola), se faz por avião. Fica para outra vez, quem sabe?

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4 respostas para Far in the North of Congo

  1. Mais que um relato de viagem – uma aula de geografia africana! Bravo!!

  2. Juliana Abdon disse:

    Felipe, conheci o blog hoje através do blog Menina de Óculos e fiquei apaixonada por tudo que li até agora. Estou terminando a graduação em Ciencias Sociais no Rio de Janeiro e pretendo começar minha preparação para a prova do CACD em breve. Esse blog serviu para aumentar minha vontade pela carreira, que além de árdua, reserva grandes surpresas e aprendizados. Nunca li relatos tão intimistas sobre a Africa, obrigada!!!

  3. Eduardo Mello disse:

    Meu caro amigo, tu merece todos os “bravos”: não só leva a criançada junto pro Congo como também leva para aventuras como a deste texto. Abração, Mello

  4. Juliana Abdon disse:

    Eduardo Mello, essa foi uma das coisas que mais me impressionou nos relatos do Felipe: levar tres crianças pequenas depende de muita coragem e disposição e apoio, nesse caso, de sua esposa. Parabens aos dois!!! : )

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